passos perdidos

Ligo a televisão e mais um documentário sobre África, e dá-me um nó no estômago ao olhar aquelas crianças tratadas como animais, ou ainda pior e penso que poderia ser eu, ali naquele ecrã de televisão a servir de cobaia.  Cobaia? Sim, cobaia, não servem para mais nada aos olhos de muitas pessoas, apenas para aparecerem na televisão a demonstrar a pobreza em que aquele povo vive, a tristeza que sentem todos os dias e a frieza e solidão que os acompanha nos seus poucos e míseros anos de vida! E penso, como é que o ser humano é tão cruel para a sua raça? Muitos as usam como simples rostos para a televisão, fazem-se de bons samaritanos e no fundo será que o são? Será que ajudam a matar a fome a estas crianças? E várias são as perguntas que me sobressaltam várias vezes durante os meus dias, plenos e cheios. Olho para o rosto daquelas crianças, rostos que carregam uma tristeza enorme e inabalável, sinto que nada vai fazer mudar aquele olhar profundo daqueles pequenos seres que perderam os pais, que vêm irmãos morrer todos os dias naquelas ruas de solidão, naquele mundo, em que a dor e o sofrimento são os sentimentos “reis”, chamam-lhe de África, eu chamara-lhe mais de “Terra dos Passos Perdidos”, visto que pessoas, milhares delas caminham sobre aquele solo arenoso e quente à espera de uma morte rápida, e de um fim de sofrimento, é a única coisa que eles pedem, um fim rápido e sem mais dor, sem mais sofrimento.